terça-feira, 7 de junho de 2011

Capítulo III


Enquanto isso, haviam contratado outro funcionário para substituir-me na empresa. Alguns estavam felizes com isso outros nem tanto, ainda sofriam com a minha situação. Foi então que notei que eu ainda não havia sido dado como defunto, estava deitado numa cama de hospital em coma. Queria saber desde quando estava lá. Como não havia tomado a minha decisão comecei a me observar constantemente. Notei a presença de uma pessoa, a única visita que recebia, mas pensei deve ser a enfermeira. Passei a desviar minha atenção para aquela pessoa, havia algo mais nela que simplesmente uma enfermeira. Carinhosamente ela se aproximava de meu leito frio, apossava-se de minhas mãos, chorava um pouco, clamava por Deus e orava por horas. Tentei me lembrar se tinha alguém que seria capaz de fazer tal caridade por mim, visto que sempre fui muito só.
De onde eu estava não se conseguia definir as feições do rosto daquela criatura divina, pois tal atitude só pode vir de Deus. Fazia algum tempo que Áurea não falava comigo, certamente estaria em sua dura rotina de receber os possíveis mortos ou vivos (ainda não tenho bem claro essa situação); sei que não tardaria muito o seu retorno, mas nem me importava mais, estava engajado em descobrir quem era a pessoa que velava meu sono e que pedia por minha melhora.
Tentei aproximar do meu corpo, e quem sabe encontrar com meu anjo. Uma força me impedia de realizar tais movimentos, mas a vontade era tamanha que provoquei algum desequilíbrio naquela dimensão. Durante milésimos de segundos vi passar diante de meus olhos dois mundos totalmente antagônicos. Também senti uma energia assustadora colocando ordem na bagunça que causei. Fiquei com muito medo e me escondi por dias, eu acho.

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